Amores Proibidos

Série – Texto em Roteiro

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EPISÓDIO 6 – Marcas do Passado

Posted by amoresproibidos em 28/03/2009

Amores ProibidosCENA 01 – APTO. DE GABRIEL – QUARTO DE GABRIEL – INTERIOR – DIA

Carla está ligando do seu celular para alguém.

CARLA
Atende, Marcela! Atende!

De repente, Gabriel entra no quarto. Carla, rapidamente, desliga o celular.

GABRIEL
E aí? Dormiu bem?

Carla está sem graça. Gabriel percebe.

GABRIEL
Carla! Ta tudo bem?

CARLA
Tudo ótimo! Dormi bem sim!
Brigada! Mas eu tenho que ir!

Carla, apressada, pega sua bolsa que está em cima da cama e já parte para a porta do quarto. Gabriel a pára.

GABRIEL
Perae! Toma café primeiro! Vai
sair assim, correndo?

CARLA
É que eu tenho que ir mesmo pra
casa. Valeu por tudo!

GABRIEL
Peraí que eu vou abrir a porta
pra você!

Carla e Gabriel saem do quarto. Corta para:

CENA 02 – CONDOMINIO COPA – GARAGEM – INTERIOR – DIA

Antonio e Maria estão dentro do carro de Antonio.

MARIA
Nossa! Que demora! Será que o
Pedro não achou a tua pasta?

ANTONIO
Será? Mas eu falei que tava em
cima da mesa!

Pedro chega com a pasta e entra no carro. Está um pouco nervoso, mas Maria e Antonio não percebem.

PEDRO
Desculpa a demora, gente!

Pedro entrega a pasta para Antonio.

ANTONIO
Tá tudo bem. Vamos indo que hoje
temos muito trabalho.

Antonio parte com o carro.
Corta para:

CENA 03 – CASA DE ALICIA – COZINHA – INTERIOR – DIA

Alicia e Helena tomando café. Alicia um pouco triste, quase não toca na comida.

HELENA
Minha filha, come! Você já não
jantou ontem! Vai ficar fraca
assim! E ai, como é que você vai
dançar se você não se alimenta
direito? Hein?

ALICIA
Não to com fome, mãe. To me
sentindo mal, sei lá, to meio pra
baixo. Aquela história toda do
meu pai… Me incomoda muito não
saber a verdade…

HELENA
Alicia! Não vamos mais tocar
nesse assunto! Tá legal? Página
virada! E você não tem que ficar
mal, não senhora! Hoje é sábado!
Tá um dia lindo! Sai! Vai se
divertir! Distrair um pouco a
mente! Sabe do que você ta
precisando? De um namorado! Isso
sim!

ALICIA
Namorado?! (ri) Tá tão difícil
arranjar um homem de verdade.
Esses caras não querem nada
sério!

HELENA
Mas nem todos os homens são
assim! Eu conheci um há muitos
anos atrás… (pensativa) que era
garoto, eu tinha a tua idade mais
ou menos e ele também. Ele era
sério. Comprometido. Respeitador.
O homem ideal. Mas era novo.
Parecia que era igual aos outros,
mas não… ele era diferente!

ALICIA
E vocês ficaram juntos quanto
tempo?

HELENA
A gente namorou uns dois anos.
Mas foi um namoro muito
complicado. Minha família me
prendia muito e também foi nessa
época que eu conheci… (pára de
falar – desanima)

ALICIA
Conheceu quem?

HELENA (tom triste)
O teu pai. Mas não quero falar
disso… (muda do tom triste para
tom alegre) Por que você não liga
pro Gabriel? Você não falou que
tinha visto ele um dia desses?

ALICIA
Foi. Mas não sei. Vou ligar pra
ele assim do nada?

HELENA
Por que não?

ALICIA
Não sei… (pensativa)

HELENA
Você ainda gosta dele, né Alicia?

ALICIA
Eu? Não! Claro que não! Aquilo
era coisa de criança. Já passou.

HELENA
Ele seria um ótimo namorado pra
você. Sempre foi um ótimo garoto.

ALICIA
Mãe, não começa! Você sempre quis
que eu ficasse com ele, né?!

HELENA
E por que não? Liga pra ele!
Alicia está tentada. Tocam a campanhia.

HELENA
Quem será uma hora dessas? Tá
esperando alguém?

ALICIA
Eu não!

Tocam novamente a campanhia.

ALICIA
Nossa! Que impaciência! Você
atende, mãe?

HELENA
Eu atendo!

Helena se levanta e vai até a porta. Corta para:

CENA 04 – CASA DE ALICIA – SALA – INTERIOR – DIA

Tocam novamente a campanhia. Helena está irritada.

HELENA
Já vai! Meu Deus, esse povo não
sabe esperar!

Helena abre a porta e dá de cara com Fernando. Música
marca. Helena está pálida, em estado de choque.

HELENA
Você aqui?!

FERNANDO
Não vai me deixar entrar?
Close em Helena, desesperada.

CENA 05 – CASA DE ALICIA – ENTRADA – EXTERIOR – DIA

Helena sai e fecha a porta. Está revoltadíssima.

HELENA
O que você tá fazendo aqui? Eu
não te falei que eu não queria
você aqui de novo?

FERNANDO
Não entendo o porquê de você me
tratar assim.

HELENA
É assim que um bandido, que um
assassino como você deve ser
tratado!

FERNANDO
Eu não sou bandido. Quantas vezes
já te falei isso?

HELENA
Eu não acredito em nenhuma
palavra que você diz!

FERNANDO
Eu vou te provar que eu sou
inocente!

HELENA
Agora? Pra que? Você já cumpriu a
pena! Não precisa provar mais
nada! Só suma da minha vida!

FERNANDO
Eu to livre, Helena! Eu cumpri
minha pena! Dezoito anos na
cadeia. Mas agora eu to aqui, pra
recuperar a minha vida. A minha
família…

HELENA
Você não vai recuperar nada!
Ouviu? Nada! Você não ouse
chegar perto de mim outra vez!
Nem da minha filha!

FERNANDO
Nossa filha!

HELENA
Vai embora,
Fernando!

FERNANDO
Eu amo você, Helena.

Helena se sente tocada pelo que Fernando diz, mas se mantém firme.

HELENA
Vai embora! (grita) Vai embora!
E não me apareça mais aqui!

FERNANDO
Eu sou inocente, Helena!

HELENA
Vai embora! (grita, ao mesmo
tempo que chora) Vai embora!

Fernando reluta um pouco, mas acaba indo embora. Helena arrasada, chora, mas limpa as lágrimas para que Alicia nada perceba. Entra em casa.

CENA 06 – CASA DE ALICIA – SALA – INTERIOR – DIA

Helena disfarça que chorou. Alicia vem da cozinha.

ALICIA
Quem era, mãe?

HELENA
Ninguém importante.

ALICIA
Como não era importante? Você
demorou lá fora!

HELENA
Alicia, não foi nada!

ALICIA
Você tava chorando?

HELENA (irritada)
Ai, Alicia! Me deixa! Faleceu uma
vizinha… a tia da Paula, que
mora na rua aqui de trás. Ela
veio me contar e eu fiquei assim
abalada! Você sabe como eu sou
manteiga derretida! Foi só isso!

Helena se acalma. Alicia se aproxima dela, limpando as lágrimas.

ALICIA
Não fica assim, não! (feliz)
Olha, eu vou fazer o que você
falou! Vou me divertir! Me
distrair! Por que você não vem
comigo?

HELENA
Eu?! (ri) Não! Sai com seus
amigos! Nada a ver eu ir!

ALICIA
Por que não? Não é nada demais!
Vamos pra praia? Eu, você, a
Ju… aí eu aproveito e chamo o
Gabriel também. Vamos?

HELENA
Não, Alicia! Todo mundo jovem e
eu lá… pagando mico?! Não tenho
mais idade pra isso não!

ALICIA
Que não tem o que? Você é linda!
Você também tá precisando de um
namorado, hein, mãe!

HELENA
Olha o abuso, menina! (fala
rindo) Mas brigada pelo convite.
Vai você. Eu vou ficar em casa
mesmo.

ALICIA
Você que sabe…

Alicia beija Helena no rosto. Corta para:

CENA 07 – APTO. DE GABRIEL – SALA – INTERIOR – DIA

Gabriel vem do seu quarto, com sua prancha de surf, quando seu celular toca. Atende.

GABRIEL
Alô! Oi, Alicia! Tudo bem? Diz ae!

Música [Silêncio – NX Zero]

Gabriel vai conversando com Alicia. Corta para:

CENA 08 – RIO DE JANEIRO – DIA

A mesma música. Insert de imagens do Rio: dia muito bonito e ensolarado. Praias lotadas.

CENA 09 – CAMPO DE FUTEBOL – EXTERIOR – DIA

Ricardo jogando futebol com Júlio, Alex, Lucas e outros garotos. Jogadas magníficas. Ricardo sempre é o que dribla todos. Faz alguns gols. É ovacionado pelos companheiros de time. Ficamos na partida por 1 min. aproximadamente. É um campo de futebol com grama sintética e há grades ao redor do campo. Do lado de fora da grade, chega Alberto e fica observando as jogadas de Ricardo. Ricardo joga naturalmente, até que percebe a presença de Alberto ali. Alberto dá um tchauzinho para Ricardo, mas Ricardo fecha a cara imediatamente. Alberto o chama, fazendo gestos. Ricardo pára de jogar, reluta um pouco, mas acaba indo à grade falar com Alberto.

RICARDO (p/ o time)
Um tempo, galera!

Ricardo se aproxima da grade. Está irritado.

RICARDO
O que você quer? Já não basta eu
ter te quebrado a cara outro dia?
Quer apanhar mais?

ALBERTO
Calma, Ricardo! Só vim aqui pra
conversar contigo.

RICARDO
Pois é. Mas eu não tenho nada pra
conversar com você. Vai embora!
Senão eu vou falar pra todo mundo
o que você é!

Alberto oferece um papel a Ricardo. Ricardo não pega, desconfiado.

RICARDO
O que é isso?

ALBERTO
Uma nova chance que eu to te dando.

RICARDO
Até parece! E o que vou ter que
fazer em troca? Ir pra cama com
homem? To fora, meu irmão! Eu não
gosto disso, não! Gosto de
mulher! Gosto muito! Sacou? Não
adianta que eu não vou me vender
pra chegar onde eu quero! Já te
falei que eu não sou como os
outros! Agora some daqui antes
que eu vá aí mesmo te quebrar a
cara de novo!

ALBERTO
Não quero nada em troca!

RICARDO
Nada? Tem certeza?

ALBERTO
Nada! Aceita o teste! Eu sei que
você tem muito potencial. O clube
tá precisando de um jogador como
você. Vamos esquecer o que
aconteceu! Eu errei. Foi mal.

Ricardo está hesitante, mas tenta resistir.

RICARDO
Não sei se eu aceito.

ALBERTO
Tudo bem. Não tem pressa. Pensa
direito e me procura. Já sabe
onde me encontrar. Pega o papel!

Ricardo pega o papel. Júlio chega.

JULIO
Coé, Ricardo! Tá tudo tranqüilo aí?

RICARDO
Tá tudo bem, Júlio!

Júlio sai. Ricardo fica olhando fixo para o papel, tentado.

RICARDO
Não sei. Não te prometo nada. Se
eu mudar de ideia, te ligo.
Agora, vai embora!

ALBERTO
Já to indo mesmo.

Alberto sai. Júlio se aproxima de Ricardo.

JULIO
Qual foi, meu irmão? Tá aceitando
papelzinho desse ‘viado’?

RICARDO
O cara me deu outra chance.

JULIO
E você? Vai aceitar? Vai se
sujeitar ao que ele quer?

RICARDO
Ele não quer nada em troca.

JULIO
Não quer nada? Estranho! Por que
mudou de idéia assim do nada? E
quem te garante que ele não tá
armando pra cima de tu? Abre o
olho, Ricardo! Esse cara é
perigoso!

RICARDO
To ligado! Mas não sei se eu
aceito. Vou pensar. Mas ele não
se mete a besta comigo não!
Arrebento ele se tentar alguma
coisa de novo. Só quero jogar
futebol, muleque! E essa pode ser
a minha chance…

JULIO
Pensa bem!

Ricardo, pensativo. Alex grita lá do meio do campo.

ALEX
Como é que é? Vocês vão jogar ou não?

JULIO
Vambora, cara! Vamo jogar futebol
que é o que interessa! Depois tu
resolve essa parada!

Ricardo e Júlio voltam pro meio do campo e a partida recomeça. Corta para:

CENA 10 – CONCESSIONÁRIA – INTERIOR – DIA

Antonio e Maria mostrando a concessionária a Pedro.

ANTONIO
Então, Pedro… essa aqui é a
matriz. Foi a primeira que
inauguramos.

MARIA
A gente já viu três só aqui na
zona sul. Temos mais espalhadas
por toda a cidade.

PEDRO
Gostei muito. O Antonio sempre
soube lidar muito bem com o
dinheiro! Parece que nasceu pra
ser empresário.

MARIA
Verdade.

ANTONIO
Olha quem fala! E você, Pedro?
Falando de mim! Tem uma fortuna
nos Estados Unidos!

PEDRO
Ah! Mas no meu caso foi
diferente! Eu só fiz crescer o
dinheiro da herança dos meus
avós. Você, não! Você começou do
zero! E hoje tem tudo isso!

MARIA
É mesmo. Ontem mesmo ainda
morávamos no Méier!

ANTONIO
Pedro, eu sei que você veio pro
Brasil pra relaxar. Mas se você
quiser, pode trabalhar comigo.

PEDRO
Valeu, cara! Eu sei que eu posso
contar sempre com você! Mas
talvez seja uma boa, não pra mim,
mas pro John! Ele tá precisando
de uma lição. Valorizar mais as
coisas que ele tem! Acho que se
ele começasse a trabalhar, ele
daria mais valor ao dinheiro que tem!

ANTONIO
Ótima idéia! Você que sabe. Se
você quiser, ele já tá na
empresa!

PEDRO
Brigado, meu amigo!

O celular de Maria toca. Ela se afasta para atender. Ficam Antonio e Pedro.

ANTONIO
E o John, Pedro? Como era a vida
dele lá em Nova York? Ele parece
ter sofrido muito com essa vinda
pro Brasil.

PEDRO
É. Ele não queria ter vindo. Não
sei. O John se apega muito as
coisas, sabe?

ANTONIO
Entendo. Mas do jeito que ele
tava desesperado pra voltar,
fugindo até de casa… Acho que
tem mulher no meio!

PEDRO
Mulher?!

ANTONIO
Ele nunca te apresentou nenhuma
namoradinha não? Porque ele ficou
muito abalado! Deve tá sofrendo
de amor! E homem quando sofre de
amor… sofre muito mais que as
mulheres! Porque elas choram,
gritam, fazem o diabo! E nós? Nós
não choramos nem gritamos!
Guardamos tudo! Até porque essa
história de homem chorando não é
comigo não… Mas enfim, o homem
sofre calado. E se tratando de um
adolescente, pode ser algo muito
sério!

PEDRO
Curioso. Nunca tinha pensado nisso.

ANTONIO
Conversa com ele! Talvez ele nem
precise trabalhar pra melhorar. É
só arranjar um rabo de saia que
ele fica bonzinho! E olha que
nessa cidade, o que não falta é
rabo de saia!

PEDRO
Eu é que sei! O Rio não mudou
nadinha, né! Nesse quesito, pelo
menos, tá como há 20 anos!

ANTONIO
Meu filho, se tratando de mulher
bonita, não tem pra ninguém! O
Rio ganha de qualquer lugar do
mundo!

PEDRO
E como é verdade isso! Já tive na
Europa e na Ásia, mas nada como
uma boa brasileira!

ANTONIO
Com certeza! A Maria que não me ouça!

PEDRO
A Lenita também não! Ciumenta que
só ela!

ANTONIO
Mulheres! São todas iguais!

PEDRO (pensa um pouco antes de falar)
E o Gabriel?

ANTONIO
Quê que tem?

PEDRO
E ele? Tem namorada? Ou ele tá
que nem o John?

ANTONIO
O Gabriel nunca apresentou
nenhuma namorada em casa não! Mas
ele sai muito. Pega na rua! Pega,
come e joga fora no dia seguinte!
Esse aí puxou o pai!

Pedro ri.

PEDRO
Você não mudou nada, hein,
Antonio!

Maria volta.

MARIA
Gente, vamos voltar pra casa? Já
tá quase na hora do almoço! E a
gente já viu o que tínhamos que ver!

ANTONIO
Vamo voltar, sim!

PEDRO
Tá um dia bonito hoje! Dá até pra
pegar uma praia!

MARIA
O Gabriel que deve ta na praia
uma hora dessas!

Maria, Antonio e Pedro continuam conversando, mas vão andando em direção à saída da concessionária. Corta para:

CENA 11 – APTO. DE MARCELA – QUARTO DE MARCELA – INTERIOR – DIA

Marcela e Carla estão sentadas na cama, uma de frente para a outra.

MARCELA
Conta, Carla! O que foi que
aconteceu? Vi várias chamadas
suas no meu celular.

CARLA
Eu dormi essa noite na casa do
Gabriel.

MARCELA
Sério?! Mas e ai? Rolou alguma
coisa entre vocês?

CARLA
Não! Não rolou nada! E é
exatamente sobre isso que eu
quero te falar!

MARCELA
Ai, fala! Tá me deixando nervosa!

CARLA
Você não vai acreditar! Eu dormi
no quarto dele, na cama dele e
ele dormiu na sala.

MARCELA
E?

CARLA
Calma! Então… quando eu
acordei, eu levantei e fui até a
sala pra falar com ele mas quando
eu cheguei lá…

MARCELA
Fala, Carla! Desembucha!

CARLA (fala baixo, como numa confissão)
Ele tava beijando um cara!

MARCELA (faz um escândalo)
O que? Um cara? Homem?

CARLA
É! Isso mesmo! Tava beijando um
cara lá no meio da sala! Eu
fiquei escondida e depois voltei
pro quarto. Ele nem desconfia que
eu vi ele e esse cara se
beijando…

MARCELA
Gente, que babado! O Gabriel!
Gay! (ri) Mas esse mundo tá
perdido mesmo! Ele é um dos caras
mais gatos daquela facul! Meu
Deus! Daqui a pouco não tem mais
homem, Carla! Tá todo mundo
virando gay!

CARLA
Eu nunca imaginava isso! To
passada!

MARCELA
Gente, mas essa história é
cabeluda demais! Alguém mais
sabe?

CARLA
Não sei. Mas acho que não.
Aqueles amigos dele da facul não
devem saber. Do jeito que eles
são preconceituosos, se
soubessem, não andariam com o
Gabriel. Com certeza, não!

Marcela anda de lado e para o outro, pensando no que acaba de ouvir.

MARCELA
Essa história é uma bomba! (ri,
tramando) Carla, você tem noção disso?

CARLA
Tenho. Mas eu só to te contando
porque eu confio em você. Não
explana, né? O Gabriel foi muito
legal comigo! Aliás, ele foi
sempre muito legal com nós duas!
Não vamo sacanear ele, né?

MARCELA
Fica tranquila! Não vou contar
pra ninguém. Morreu aqui. Até
porque, cada um sabe de si e o
que faz da sua vida… Cada um
beija quem quiser, dá o que
quiser também! Isso não é
problema meu! Mas… (pensativa)

CARLA
Mas?

MARCELA
Essa história ainda pode me ser útil!

CARLA
Útil como?

MARCELA
Não sei! Mas sinto que um dia
ainda vou precisar desse historia
pra conseguir alguma coisa! Vamos
guardá-la! Ninguém pode saber!
Até porque… eu não sou a pessoa
mais indicada pra julgar o
Gabriel.

CARLA
Como assim, Marcela? (assustada)

MARCELA
É isso mesmo que você tá
pensando! Já experimentei. Não
gostei. Mas já beijei uma garota.
Uma não. Várias!

CARLA
Meu Deus! Só me faltava essa
agora!

MARCELA (ri)
Calma! Fica tranquila! Essa minha
fase já passou! Agora, só pego
homens. Aliás, tenho que te
contar da minha noite com o
Ricardo…

CARLA
Me conta tudo!

Marcela começa a contar a Carla sobre sua noite com Ricardo.

Música [On of the boys – Katy Perry]

Corta para:

CENA 12 – PRAIA – EXTERIOR – DIA

A mesma música. Gabriel surfando. Ondas magníficas. Take de 1 min. aproximadamente. Na areia, Alicia, Juliana e Cristian tomando sol.

ALICIA
O Gabriel manda muito no surf, né?

JULIANA
Pode crer!

CRISTIAN
Eu nem me atrevo a tentar! Tá louco!

Corte de continuidade. Gabriel sai da água com a prancha e vai em direção onde estão Alicia, Juliana e Cristian.

GABRIEL
E aí, galera!

CRISTIAN
Fala!

JULIANA
A gente tava aqui comentando como
você surfa bem.

GABRIEL
Que nada! Só uma diversão boba!

Gabriel senta na areia com eles. Fala com Alicia. Juliana e Cristian se beijam e não ouvem a conversa.

GABRIEL
Como você ta?

ALICIA
To bem, na medida do possivel.
Essa semana foi meio dificil pra mim.

GABRIEL
Me conta. Eu posso te ajudar?

ALICIA
Ninguém pode me ajudar.

GABRIEL
Vamos lá pra casa? To te achando
meio tristinha. A gente almoça lá
e aí conversamos melhor. Vamos?
Alicia, tentada.

ALICIA
Ah! Não sei, Gabriel! Deixa prum
outro dia!

GABRIEL
Por que não? Você nem conhece
minha nova casa! Vamos? Hoje você
é minha convidada. E você não vai
me fazer essa desfeita, né?

ALICIA
Tá bom. Eu aceito. (sorridente)

Gabriel fala para todos.

GABRIEL
Galera, vamos almoçar na minha
casa hoje! Já é?

CRISTIAN
Por mim, tudo bem.

JULIANA
Por mim, também.

GABRIEL
Então? Vamos?

Gabriel, Alicia, Cristian e Juliana se levantam da areia e caminham em direção ao calçadão. Corta para:

CENA 13 – APTO. DE PEDRO – SALA – INTERIOR – DIA

Pedro chega da rua. Lenita arrumando a mesa para o almoço. John vendo tv, no sofá.

PEDRO
Oi, Lenita! (a beija)

LENITA
Oi, meu amor! Já vou colocar o
almoço! Alias, precisamos
contratar uma empregada, Pedro!

PEDRO
Pode procurar alguma e contratar.
A que você achar melhor. (tira a
camisa) Nossa! To tão cansado!
Tinha esquecido de como o Brasil
é quente!

LENITA
Você tá suando. Vai tomar banho,
vai, pra gente almoçar!

PEDRO
Oi, John! Tudo bem, filho?

JOHN (sem tirar os olhos da tv)
Tudo ótimo.

PEDRO
Vamos almoçar fora hoje? Lembra,
John, que você adorava almoçar
fora quando era menor?

John o encara, sério.

JOHN
Lembro. Bons tempos aqueles.

PEDRO
Então. Vamos reviver os bons
tempos?

John, desconfiado, se desarma.

JOHN
Tá bom. (ensaia um sorriso) Onde
vamos?

PEDRO
Onde você quiser. A gente sai
pela cidade. E você escolhe onde
quer comer. Como em Nova York.

JOHN
Tá bom.

John sorri um pouco.

PEDRO
Vou tomar banho pra gente sair.
Lenita, se arruma que hoje
faremos um programinha a três!

LENITA
Tá! Mas eu fiz comida a toa?

PEDRO
Guarda que a gente come depois.
Vô tomar banho!

Pedro a beija novamente e sai em direção ao banheiro. Lenita, feliz.

LENITA
Que bom que você tá se entendendo
com seu pai, John! Você não sabe
o quanto eu fico feliz!

JOHN
Calma, mãe! Eu só aceitei um
convite que ele me fez. Só isso.
Pra gente se entender ainda falta muito!

Lenita se aproxima de John e se senta ao lado dele no sofá.

LENITA
Dá uma chance pro teu pai, filho!
Por favor! Eu te imploro! Por
mim! Faz isso por mim, pelo
menos! Eu to tentando salvar o
nosso casamento, John! Você
entende isso?

JOHN
Fica tranquila! Não vou
atrapalhar seus planos! Mas
mãe… esse casamento já acabou
há muito tempo! Só você que não
percebeu ainda… (se levanta)
Vou pro meu quarto. Me chama
quando vocês tiverem prontos!

John sai. Lenita fica pensando sobre o que John lhe falou.

Música marca. Corta para:

CENA 14 – APTO. DE GABRIEL – SALA – INTERIOR – DIA

Rita, a empregada da casa de Gabriel, está pondo a mesa do almoço. Maria e Antonio na mesa.

MARIA
Brigada, Rita! Não sei o que
seriamos sem você!

ANTONIO
Rita, você perdeu! Ela foi pra
cozinha um dia desses. E preparou
um jantar incrível. Tinha que ver só!

RITA
Não sabia que a senhora
cozinhava!

MARIA
Claro que sim! Por que não? Não é
o que eu gosto mais, mas eu sei
cuidar de uma casa, fazer
comida… Logo assim que nos
casamos, eu era quem fazia tudo.
Lembra, Antonio?

ANTONIO
Lembro. Como esquecer aqueles
tempos?

RITA
Só os senhores que vão almoçar
hoje? Eu fiz tanta comida!

ANTONIO
É, Rita. Parece que sim. A
Leticia saiu com o Edu e o
Gabriel até agora não deu as caras…

Neste momento, Gabriel chega com Alicia, Cristian e Juliana.

GABRIEL
Oi, mãe! Oi, pai! Esses são meus
amigos. Vão almoçar com a gente.

MARIA
Ah! Que bom! Teremos companhia!

ANTONIO
Viu Rita? Problema resolvido?
Traz mais prato pra mesa!

Rita vai pra cozinha. Gabriel faz as apresentações a
Maria, que levanta e os cumprimenta com um beijo no rosto. Antonio permanece sentado à mesa.

GABRIEL
Essa é a Alicia. Lembra dela?

MARIA
Alicia! Claro que eu lembro!
Nossa, mas você tá tão diferente!
Se o Gabriel não fala eu não te
reconheceria! Tudo bem?

ALICIA
Tudo ótimo.

MARIA
Fica a vontade. (p/ Cristian)
Esse é o Cristian, nem precisa
apresentar. Fica a vontade. A
casa é sua. Você não vem aqui há
anos, hein?

CRISTIAN
É mesmo. (sorri)

GABRIEL
Essa é a Juliana, namorada do Cristian.

MARIA
Oi, Juliana!

JULIANA
Olá!

Rita põe mais pratos na mesa e volta para a cozinha.

GABRIEL
Galera, vamos lavar as mãos pra
gente poder comer!

Gabriel, Alicia, Cristian e Juliana vão até ao banheiro. Todos estão muito a vontade, só Alicia que está um pouco tímida.

ANTONIO
Essa Alicia não me é estranha,
mas não consigo me lembrar dela!

MARIA
Filha da Helena! Lembra? Da
Helena e do… (pausa) Fernando.

Antonio lembra, mas faz cara de preocupação, principalmente ao ouvir o nome de Fernando. Está pensativo.

ANTONIO
Claro, claro! Como eu pude
esquecer? Então… ela é filha
dele?

MARIA
É sim.

Antonio, visivelmente preocupado. Música marca.
Corta para:

CENA 15 – CASA DE CRISTIAN – SALA – INTERIOR – DIA

Tocam a campanhia. Beth (mãe de Cristian) abre a porta e é Helena, que já entra. Está arrasada.

HELENA
Beth, ele voltou!

BETH
Calma, Helena! Você tá pálida!
Ele quem?

HELENA
O Fernando!

BETH
Fernando? Mas voltou do nada?

HELENA
Não foi do nada. Já cumpriu a
pena. Eu esqueci que ele já tava
pra sair. Já tem dezoito anos que
ele foi preso!

BETH
Nossa! Passou tão rápido!

HELENA
Eu tinha esquecido de que quando
ele saísse ele iria me
procurar… No fundo, eu achava
que ele iria me esquecer! Mas
não! Eu tava errada! Ele me
apareceu hoje pela manhã na minha
casa! Ainda pediu pra entrar!
Muita cara de pau!

BETH
Mas e agora? O que você vai
fazer?

HELENA

Não sei. Não posso ficar fugindo dele. Mas também não quero ele na minha vida de novo. Ele vai querer rever a Alicia. Ele lembra dela, mas ela não lembra dele. Ela pensava que o pai tinha morrido…

BETH
Helena, eu entendo as suas razões
pra mantê-lo longe de você. Mas
longe da Alicia? Por que? Ela tem
o direito de conhecer o pai!

HELENA
Ele é um monstro! Um criminoso!
Não pode chegar perto da minha
filha! Não posso deixar!

BETH
Mas ele já pagou o crime que ele
cometeu. Perante a justiça, ele é
livre. Não é mais criminoso. Ele
tem o direito de reconstruir a
vida dele. Pensa bem, amiga! Não
cabe a você julgar! Pensa na
Alicia!

HELENA
Mas eu to pensando nela!

BETH
Presta atenção! Como você acha
que a Alicia vai reagir quando
souber que o pai dela tá solto?
Hein? Ela já descobriu que ele
não tá morto. Descobriu que você
mentia pra ela todos esses anos.
E agora, se ela souber que o pai
tá de volta mas que você não quer
deixar ele falar com ela, nem
sequer vê-la… você acha que ela
vai ficar do seu lado? Toma
cuidado pra não afastar a sua
filha de você! Pensa nisso antes
de tomar qualquer decisão!
Helena, pensativa, se senta no sofá.

HELENA
A vida quer me testar. De novo! O
Pedro reaparece na minha vida e o
Fernando também.

Helena abaixa a cabeça, chora um pouco, mas já limpa as lágrimas.

HELENA
Você não sabe o que ele me disse…

BETH
O que?

HELENA
Que me ama! Ama! Você entende
isso? (ri um pouco) Só pode ser
brincadeira! Me ama! Como ele
pode me amar? Hein? Se ele me
amasse, não teria feito o que
fez! Não teria cometido o crime
que cometeu! Ele não pensou em
mim! (chora) Eu sofri muito por
causa dele. Já chorei muito por
causa dele. Mas chega! Às vezes
eu acho que eu não to vivendo,
sabe? To só vendo a vida passar!

BETH
Não fala isso, Helena! Pensa
melhor. Em tudo. Pensa não só em
você, mas pensa também na Alicia.
Você vai saber a coisa certa a
fazer. Não chora!

Beth abraça Helena, que chora bastante. Corta para:

CENA 16 – APTO. DE GABRIEL – QUARTO DE GABRIEL – INTERIOR – DIA

Gabriel e Alicia acabaram de entrar. Sentam-se na cama, um de frente pro outro.

GABRIEL
Me conta. O que tá acontecendo?
Eu sei que você não tá bem.

ALICIA
É sobre o meu pai. Esses anos
todos a minha mãe me contou que
ele tava morto. Só que ontem eu
ouvi uma conversa dela com a mãe
do Cristian. E ela tava dizendo
que ele tá preso. Minha mãe
mentiu pra mim esses anos todos.
Eu não gostei, sabe?! A gente
discutiu. Já nos entendemos. Ela
fala que mentiu porque quis me
proteger. Mas eu não entendo. Já
cresci. Preciso saber a verdade.

GABRIEL
Nossa, Alicia! Isso é bem
complicado! Mas sua mãe deve ter
os motivos dela pra ter mentido
esse tempo todo. Não que isso
justifique a mentira!

ALICIA
Eu sei. Mas é justamente isso que
me intriga. Por que me esconder
do meu pai? Ela disse que ele
matou um cara. Eu quero saber
como que foi esse crime. Tem
alguma coisa mal contada nessa
história… Mas ela me disse que
na hora certa eu vou saber de
toda a verdade! Qual é a hora
certa? E que verdade é essa?
Entende a minha aflição?

GABRIEL
Claro! Claro que entendo.
Perfeitamente.

Alicia está triste. Gabriel acaricia o rosto dela. Alicia sorri. Estão próximos.

GABRIEL
Eu vou te ajudar. Você quer a
minha ajuda?

ALICIA
Como você me ajudaria?

GABRIEL
Eu vou te ajudar a desvendar teu
passado. A gente vai descobrir
juntos essa história. Ouviu? Se
isso for te fazer bem, a gente
corre atrás!

Alicia sorri. Gabriel continua acariciando-a.

ALICIA
Você faria isso por mim?

Gabriel a olha fixamente.

GABRIEL
Por você.

Se entreolham por alguns instantes. Alicia o abraça e o beija no rosto, mas muito perto da boca.

ALICIA
Obrigada, Gabriel!

GABRIEL
De nada. Tamos junto. Sempre que
você quiser eu vou tá aqui.

ALICIA
Que bom que eu posso contar com
você! (sorridente)

GABRIEL
Agora, vamos almoçar? A Ju e o
Cristian tão esperando a gente.

ALICIA
Vamos.

Gabriel e Alicia saem. Corta para:

CENA 17 – STOCK SHOT – DIA/NOITE

Música [ single – The kids on the block and ne-yo]
Anoitecer no Rio de Janeiro.

CENA 18 – CONDOMINIO COPA – INTERIOR – NOITE

Gabriel na porta se despedindo de Alicia, Cristian e Juliana.

GABRIEL
Poxa, gente! Foi ótimo vocês
terem vindo aqui em casa! Vamos
marcar mais vezes!

CRISTIAN
A gente marca!

Cristian e Gabriel se abraçam.

GABRIEL
Tchau, Ju!

Juliana o beija. Neste momento, o elevador chega.

JULIANA
Amor, vamos descendo!

CRISTIAN
Vamos! Alicia, te esperamos lá embaixo!

Juliana e Cristian entram no elevador, que se fecha.

ALICIA
Por que eles foram na frente?
Não entendi!

GABRIEL
Fica tranquila, viu! Aquele
assunto, a gente resolve junto!

ALICIA
Já to bem melhor. Você me faz
muito bem, sabia?

GABRIEL
Não. Não sabia… (sorri) Fico
feliz em saber.

ALICIA
Desde criança, você sempre me
ajuda. Não sei o que eu seria sem
você, Gabriel.
Alicia o beija no rosto, novamente perto da boca.

GABRIEL (malicioso)
Não faz isso!

ALICIA
Por que?

GABRIEL
É perigoso… Vai que você erra e
beija o lugar que não deve?!

ALICIA
E por que eu não devo?

Alicia puxa Gabriel para si e o beija. Neste momento, o elevador se abre, e saem dele Pedro, Lenita e John, que vinham conversando, de maneira bem alegre, como uma verdadeira família. Ao escutar o barulho do elevador, Gabriel e Alicia param de se beijar, mas só depois que Pedro, Lenita e John já tinham visto o beijo. Close em Pedro e em Gabriel. Estão surpresos (e sem graça) os dois.

LENITA
Oi, Gabriel! Tudo bem?

Gabriel responde Lenita, mas está desconcertado com Pedro, que também o encara.

GABRIEL
Tudo ótimo.

LENITA
Deixa eu aproveitar a
oportunidade e te apresentar o John.

GABRIEL
Como vai, John?

Gabriel e John se cumprimentam com um aperto de mãos.

JOHN
Vou bem. Agora eu to melhor.
Fiquei sabendo que você ajudou os
meus pais com a parada do
acidente. Brigarão, hein!

GABRIEL
De nada! Quando precisar, só
falar!

JOHN
Finalmente nos conhecemos! Todo
mundo só fala de você. Meu pai é
um.

Gabriel, surpreso. Pedro, sem graça.

GABRIEL
Ah, é?

JOHN
É sim. Agora à tarde, por
exemplo, quantas vezes ele não
falou no Gabriel?

LENITA
Muitas! (sorri) É que ele gostou
de você. De como você ajudou a
gente.

JOHN
Agora, aguenta, Gabriel! Meu pai
é um chato! Quando gosta de
alguém, pertuba! Daqui a pouco
vai querer ficar te dando lição
de moral…

John fala sem rancor, como de brincadeira. Gabriel só ri, mas está sem graça. Pedro olha para Alicia.

PEDRO
Sua namorada, Gabriel?

Gabriel e Alicia se entreolham. Gabriel responde rápido.

GABRIEL
Não.

ALICIA
Somos amigos.

LENITA
Que modernos esses jovens!

JOHN
Ih, mãe… Você tá por fora! (p/
Gabriel) Gabriel, foi um prazer,
mas não queremos atrapalhar nada
não! Até mais!

GABRIEL
Até!

John, Lenita e Pedro entram. Pedro é o último a entrar e antes de entrar, ainda troca um olhar com Gabriel. Fecham a porta.

ALICIA
Nossa! Nunca fiquei tão sem graça!

GABRIEL
Liga não.

ALICIA
Tenho que ir agora. Desculpa pelo
beijo. Mas é que eu queria fazer
isso já há muito tempo.

GABRIEL
Pra que se desculpar? Foi bom.
Mas somos amigos. Como sempre.
Nada mudou. Você entende, né?

ALICIA
Claro que eu entendo. Tchau!

GABRIEL
Tchau!

Gabriel e Alicia se despedem só com acenos, sem contatos físicos. O elevador chega, Alicia entra e o elevador se fecha. O celular de Gabriel toca e ao olhar o visor, vemos o nome de Pedro. Corta para:

CENA 19 – APTO. DE PEDRO – QUARTO DE LENITA – INTERIOR – NOITE

O quarto está com a porta fechada. Pedro falando no celular com Gabriel.

PEDRO
Preciso falar com você! Tem que
ser agora! (escuta) Na garagem!
Dentro do seu carro. Desce agora
e me espera lá. (desliga)

Pedro, visivelmente, tenso. Lenita entra no quarto.

LENITA
Meu amor, que dia maravilhoso!
Nunca me diverti tanto!

Lenita beija Pedro, mas é um beijo sem graça, frio. Pedro continua preocupado e nem dá atenção para Lenita.

PEDRO
Tenho que dar uma saída.

Pedro sai.

LENITA
Pedro! Pedro! Vai aonde?

Escutamos o barulho da porta da sala se fechando.

LENITA
Que será que deu no Pedro?!

Close em Lenita, sem entender o que aconteceu. Corta para:

CENA 20 – CONDOMINIO COPA – GARAGEM – INTERIOR – NOITE

Pedro entra na garagem e caminha em direção ao carro de Gabriel. Caminha sempre olhando ao seu redor, para ver se alguém o está observando. Pedro, muito preocupado. Quando chega perto do carro, Gabriel, que já está dentro do carro, abre a porta do lado do carona e Pedro entra. O carro de Gabriel tem insulfilm, de modo que ninguém do lado de fora pode vê-los.

GABRIEL
Pronto. To aqui. O que você quer
me falar?

Pedro olha para Gabriel e o beija.

Música [All we are – OneRepublic]

Pedro vai falando e vai beijando, desesperado. É a primeira vez que ele toma a iniciativa.

PEDRO
Queria te ver. Que merda! Por que
você faz isso comigo? Por que
você me faz agir assim?

Continuam se beijando. Pedro pára e fica olhando fixo para Gabriel.

PEDRO
Não sei o que tá acontecendo
comigo, Gabriel. Juro que eu não sei.

Se beijam mais. Pedro pára de novo.

PEDRO
É sério! A gente precisa conversar.

GABRIEL
Pode falar.

PEDRO
Gabriel, eu nunca fiz isso antes.
Você entende? Nunca, Gabriel!
Nunca nem sequer olhei outro
cara! Juro pra você! Nunca beijei
um cara e olha o que eu to
fazendo! Não sei o porquê que
isso tá acontecendo! Mas eu só
sei que eu me sinto muito atraído
por você… não posso mais negar
isso. Mas, ao mesmo tempo, isso
não tá certo! Entende? Pra mim é
tudo muito dificil!

GABRIEL
Eu te entendo, Pedro. Mas e pra
mim? Você acha que é fácil pra
mim?

PEDRO
É diferente, Gabriel. Você não
tem mulher nem filhos. É
diferente! Eu vim pro Rio pra
salvar meu casamento e é isso que
eu vou fazer!

GABRIEL
Mas é o que você quer fazer?

PEDRO
Claro que eu quero. Por que não
ia querer? (responde mas está
incerto)

GABRIEL
Quem foi que disse que você tem
que insistir nesse casamento? E
se essa for a sua oportunidade de
ser feliz de verdade?

PEDRO
Ser feliz de verdade? Do que você
tá falando? Eu sou feliz! Muito
feliz!

GABRIEL
Não parece.

PEDRO
Gabriel, você precisa se afastar
de mim! Eu preciso tentar!

GABRIEL
Me afastar? Mas é impossível! A
gente mora lado a lado…

PEDRO
Você sabe do que eu to falando!
Vamos acabar com isso! Agora! Pra
sempre! Vamos apagar essa
historia da nossa mente!

Gabriel desvia o olhar de Pedro.

PEDRO
Olha pra mim! Não aconteceu nada
entre a gente! Nunca! Nunca
aconteceu nada! Ouviu bem? Você
vive a sua vida e eu vivo a
minha! Como era antes da gente se
conhecer.

Gabriel está com raiva.

GABRIEL
Tá bom. Você que sabe. Vai
embora! Volta pra sua família.
Pro seu filho e pra sua esposa.
Eu é que sou um idiota de me
meter com um cara como você! Vai
embora, Pedro! Era isso que você
tinha pra me falar? Se já falou,
pode ir!

PEDRO
Não me trata assim. Você ta sendo
infantil!

GABRIEL
Então, agora eu sou o infantil? O
que você quer que eu faça? Me
diz, Pedro! Não tem o que fazer!
Você volta pra sua família e vive
a sua vida, que eu sigo a minha.
É isso. Simples.

PEDRO
Vai ser melhor pra nós dois!
Entenda!

GABRIEL
Eu sei o que é melhor pra mim.
Você é que não sabe o que é
melhor pra você. Mas tudo bem…
espero que você descubra e que
seja muito feliz!

Gabriel abre a porta do carro para Pedro sair.

GABRIEL
Pode ir, Pedro.

Pedro está inconformado com a má reação de Gabriel. Hesita um pouco, mas acaba saindo. Bate a porta quando sai. Gabriel repousa a cabeça no volante do carro. Está exausto. Close nos olhos cheios de lágrimas. Corta para:

CENA 21 – APTO. DE GABRIEL – QUARTO DE ANTONIO – INTERIOR – NOITE

Maria e Antonio deitados na cama, vendo tv, quando toca o celular de Antonio. Antonio pega o celular e olha o visor.

ANTONIO
Número desconhecido.

Antonio atende o celular.

ANTONIO
Alo!

FERNANDO (OFF)
Fala, grande Antonio! Como vai?

ANTONIO
Quem tá falando?

FERNANDO (OFF)
Não lembra de mim, Antonio? Poxa!
Assim vou ficar chateado contigo!

ANTONIO
Não sei quem tá falando. Quem é?

FERNANDO (OFF)
Vou te dar uma dica. Sou um amigo
seu que ficou preso durante 18
anos. Tá lembrando agora?

Música marca. Antonio está desesperado e revoltado.

ANTONIO
O que você quer, seu desgraçado?

FERNANDO (OFF)
Quero bater um papo contigo.
Desce agora! To te esperando
nesse quiosque que dá bem pra sua
janela. E não demora! Senão, já
sabe! Até logo! (desliga)

Antonio joga o celular na cama. Está pálido de tão preocupado.

MARIA
O que foi, meu amor? Quem era no telefone?

ANTONIO
Era ele, Maria. O Fernando.

Maria, chocada.

MARIA
O Fernando? Mas ele não tava
preso? E como ele conseguiu o
nosso endereço? E o teu celular?

ANTONIO
Não sei, Maria. Mas ele dá o
jeito dele… Sempre deu. Quando
ele quer uma coisa, ele consegue!
O pior é que ele tá aí embaixo.
Quer falar comigo. Pediu pra eu descer!

MARIA
Não! Você não vai descer pra
falar com esse criminoso! Não
vai, Antonio! Esse homem é
perigoso!

ANTONIO
Eu tenho que ir! Mas fica tranquila.

Antonio abre o guarda-roupa, e uma gaveta que tem umas roupas. Vasculha a gaveta e encontra embaixo da roupa uma pistola. Pega a arma e a carrega.

MARIA
Ai, meu Deus! Essa arma de novo?

ANTONIO
Fica tranquila, Maria. Se ele
ficar de graça, eu acabo com ele.
Mas se eu não voltar em duas
horas, chama a polícia!

Maria, preocupada. Close na pistola, que Antonio põe na cintura, por debaixo da camisa. Antonio está decidido.

CORTA.

FIM DESTE EPISÓDIO

CRÉDITOS FINAIS

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